sábado, 24 de maio de 2008

O suicídio do suicídio

Diário de uma ex-adolescente:

“Passa um cisco de tempo e tudo retorna ao mesmo lugar de partida. Lembro de como sempre me foi complexo explicar, e agora é ainda mais. Se fossem, essas letras, um romance, ninguém mesmo suportaria ler. Está sendo enfadonho, já no início, até mesmo escrever.
O quê?! Sobre o que mesmo é que eu ai escrever? Esqueci. Esqueci até mesmo que o tempo nos faz esquecer. Nos faz esquecer das coisa que devíamos ( e continuamos devendo) ler, escrever, estudar, dizer e sonhar. Sempre sobra apenas a vontade de continuar! Vontade híbrida ao instinto de preservar a si mesma.
Isso é hoje, mas não foi sempre assim. Aproximadamente ao meados dos 21 anos a gente muda...
Então, como pilhérias dos mais puros e sublimes palhaços, viver se transforma no riso. Então a gente finge a gente, obcecada, isso: a gente obcecada – e morta – vai fingindo. E o resto? O resto vai vivendo sem perceber coisa nenhuma. Pensando que o mundo é mesmo assim como se vê. Pensando isso, mas sem a lucidez de Alberto Caeiro.
Mas existem moços e homens que parecem verdadeiros milagres, existem comidas com sabores de vidas nunca antes experimentadas, existem orgasmos das mais díspares espécies, existem abelhas que impulsionam a algum mistério e fantasia nos pensamentos, e existe, principalmente, o inebriar-se, seja com gim ou com sonhos lúcidos.
Então chega a fase que a gente percebe isso com tão tamanha contundência e pertinência que não dá mais para pensar em suicídio.
Vem a paz. E também o desespero misto a isso.
O suicídio morreu. Não deveria.
Deveria?
Ai, a eloqüência! Um certo professor de filosofia vive falando que é coisa de adolescente de colegial a gente achar que sabe uma coisa mas não sabe exprimi-la. Diz que quando a gente sabe bem o que quer dizer a gente se expressa claramente.
Eu sei bem o que quero dizer:
“O suicídio morreu, e me parece muito óbvio que isso não é nada bom”.

Postada pela doida da Paula que está com um enxame de abelhas do cérebro mais enorme do que nunca por estar tentando entender Espinosa.

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