Ele se desvairava com aquela clitóride
Não era uma rosa, era um espinho.
Não era, embora parecesse, uma flor.
Era, isso sim, risco à vida, perigo.
Porque mulher é gim e fogo
É literatura indizível pelo avesso
Então é matéria – prima de medos
De mil temores óbvios e inefáveis
Ontem ele havia enlouquecido de prazeres
Inebriado-se com orgasmos quase insuportáveis
Insuportáveis por serem impenetráveis ao tempo
“Só o amor trás felicidade”, havia ouvido.
Então hoje o mundo ficava quase supérfluo
Paradoxalmente um escudo, escudo de fel.
Lembrou de Lorca: “porque as rosas buscam na frente...”
“... uma dura paisagem de osso”.
O quanto ele sabe sobre clítoris?
O duro e a flor, o osso e a carne.
O fel e o gim, as rosas e os espinhos.
A dor e o deleite, o céu e o chão.
O quanto poetas sabem sobre oposições?
Letra alguma dessas tem importância
Importância, significado ou precisão.
Só clítoris trás felicidade, seja como for.
Só o sentir orgasmos insuportáveis serve.
Paula Cicolin (06/03/08)
segunda-feira, 19 de maio de 2008
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