Uma antiga integrante volta a casa! Amanda Borba, segue seu texto!
Bem vinda de volta!
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domingo, 18 de outubro de 2009
A "mocinha" Brasília
Brasília já foi tida como a cidade-progresso, o exemplo de urbanismo, o baluarte dos 50 anos em 5, de Juscelino Kubistchek, a suprema visão de futuro. O que, entretanto, pouco se comenta é sobre a isenção ética da cidade com relação aos despudores, aos desacatos à sociedade, aos desmandos políticos e ao inabalável ego do Planalto Central.
É preciso ter fé pra viver em Brasília. E, acima de tudo, fé na própria cidade, cenário de grandes realizações. Ou o indivíduo se rende à autoridade política imposta ou acaba caindo em contradição com o próprio espaço em que vive, já que personifica o Estado. Brasília discute, Brasília comanda e, principalmente, Brasília decide o que é o certo a se fazer. Embora, muitas vezes, o certo seja assim concebido apenas por uma visão, a da própria Brasília.
Das demais regiões do país pouco se fala no que diz respeito a decisões políticas. Muito se escuta, entretanto, sobre gastos públicos, escândalos fiscais e corrupções eleitorais. Da Unidade Federativa, aqui ou acolá, ouve-se burburinhos de políticos metidos em mensalão ou dinheiro escondido dentro de cuecas. Pouco se cobra. Ficou do Absolutismo a lição: “o rei não precisa ser amado pelo seu povo, mas temido”. E Brasília foi aluno caxias, dos que sentam na frente e tiram boas notas. Não é admito réplicas, todos são cúmplices. Na verdade, o nome disso é “rabo preso”.
Entretanto, o conceito de Estado prevê, em sua própria fundação, uma função sociológica e crítico-normativa por parte daquilo que se diz sociedade. Cabe aos cidadãos, portanto, o papel de julgar e redefinir o papel de Brasília frente às decisões políticas. Não se deve confundir a esfera pública com a estatal. Como uma categoria histórica da sociedade burguesa, ela se formou, antes, em contraposição ao poder, no interesse de estabelecer um Estado de direito que assegurasse, por lei e sanções,o bem-estar de todos. O Estado – é preciso reiterar – é pra todos. O direito é de todos. A sanção, leis e normas também devem ser para todos. Com a fiscalização pública, não deveria ser diferente.
Por ser sede do Governo, Brasília não garante sua poltrona reservada na sala VIP das isenções. Muito pelo contrário, deveria atuar no sentido de assegurar as necessidades do país inteiro. Regalias não vieram no pacote que garantiu à cidade o direito de se tornar palco de decisões políticas. Ganha relevo, então, o papel da sociedade civil contraposta à realidade que pauta a cidade de JK como inocente dentro dos acontecimentos correntes no Brasil. E seja qual for o final da epopéia, Brasília não será um protótipo perfeito de “mocinha”.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
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