quinta-feira, 31 de julho de 2008

Orquestra Sinfônica do Recife.

A orquestra sinfônica do Refice completa 78 anos de existência marcante na cena cultural pernambucana. Situada entre as melhores e mais atuantes orquestras do Norte e Nordeste é, ainda, a mais antiga em atividade do Brasil. Ontem dia 30 de julho de 2008 foi realizada uma maratona de aniversário no teatro de Santa Isabel. Sendo executado várias obras do clássico ao popular. Tive a sorte de abrir o jornal a tempo de acompanhar tal espetáculo, o público em sua maioria de senhores de meia idade, os jovens parecem não se sentirem muito atraidos. Que pena! Não ousarei dizer aqui o que penso sobre isso, não agora. Dias 12, 13 e 14 de agosto às 10h. Haverá uma série de concertos didáticos, no mesmo teatro a cima citado. Vale a pena!

Mariana é estudade de psicologia e violinista (ainda que um pouco frustada.).

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Fantástica, admirável, inefável, inebriante, mais que sublime, PAGU!!!!

Poema incrível:

Fósforos de segurança
Indústrias tais
Fatais.
Isso veio hoje numa pequena caixa
Que achei demasiado cretina
Porque além de toda essa história
De São Paulo - Brasil
Dava indicações do nome da fábrica.
Que eu não vou dizer
Porque afinal o meu mister não é dizer
Nome de indústria
Que não gosto nem um pouquinho
De publicidade
A não ser que
Isso tudo venha com um nome de família
Instituição abalizada
Que atrapalha a vida de quem nada quer saber
Com ela.
Ela, ela, ela.

Hoje me falaram em virtude
Tudo muito rito, muito rígido
Com coisinhas assim mais ou menos
Sentimentais.

Tranças faziam balanças
Nas grandes trepadeiras
Estávamos todos por conta de.

Nascinaturos espalhavam moedinhas
Evidentemente estavam bricando
Pois evidentemente, nos tempos atuais
Quem espalha moedas
Ou é louco, ou é porque
está brincando mesmo.
O que irritou foi o porque

(Pagu - 27-11-1960)

Zeitgeist

Assistam. Reflitam.









Thiago carvalho é: estudante de filosofia.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Pelo veto ao projeto de cibercrimes - Em defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na Internet Brasileira

ESTA PETIÇÂO AGORA É DIRECIONADA A CAMARA DOS DEPUTADOS - Na noite de 09/07 o Senado aprovou o projeto de forma velada, pegando a todos nós de surpresa. Desta forma temos de dar uma resposta á altura coletando o máximo de assinaturas possível dentre outras ações que estão sendo desenvolvidas. Não podemos desistir de exercer nosso direito á democracia.

To: Senado Brasileiro

EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA

A Internet ampliou de forma inédita a comunicação humana, permitindo um avanço planetário na maneira de produzir, distribuir e consumir conhecimento, seja ele escrito, imagético ou sonoro. Construída colaborativamente, a rede é uma das maiores expressões da diversidade cultural e da criatividade social do século XX. Descentralizada, a Internet baseia-se na interatividade e na possibilidade de todos tornarem-se produtores e não apenas consumidores de informação, como impera ainda na era das mídias de massa. Na Internet, a liberdade de criação de conteúdos alimenta, e é alimentada, pela liberdade de criação de novos formatos midiáticos, de novos programas, de novas tecnologias, de novas redes sociais. A liberdade é a base da criação do conhecimento. E ela está na base do desenvolvimento e da sobrevivência da Internet.

A Internet é uma rede de redes, sempre em construção e coletiva. Ela é o palco de uma nova cultura humanista que coloca, pela primeira vez, a humanidade perante ela mesma ao oferecer oportunidades reais de comunicação entre os povos. E não falamos do futuro. Estamos falando do presente. Uma realidade com desigualdades regionais, mas planetária em seu crescimento.

O uso dos computadores e das redes são hoje incontornáveis, oferecendo oportunidades de trabalho, de educação e de lazer a milhares de brasileiros. Vejam o impacto das redes sociais, dos software livres, do e-mail, da Web, dos fóruns de discussão, dos telefones celulares cada vez mais integrados à Internet. O que vemos na rede é, efetivamente, troca, colaboração, sociabilidade, produção de informação, ebulição cultural. A Internet requalificou as práticas colaborativas, reunificou as artes e as ciências, superando uma divisão erguida no mundo mecânico da era industrial. A Internet representa, ainda que sempre em potência, a mais nova expressão da liberdade humana.

E nós brasileiros sabemos muito bem disso. A Internet oferece uma oportunidade ímpar a países periféricos e emergentes na nova sociedade da informação. Mesmo com todas as desigualdades sociais, nós, brasileiros, somo usuários criativos e expressivos na rede. Basta ver os números (IBOPE/NetRatikng): somos mais de 22 milhões de usuários, em crescimento a cada mês; somos os usuários que mais ficam on-line no mundo: mais de 22h em média por mês. E notem que as categorias que mais crescem são, justamente, "Educação e Carreira", ou seja, acesso à sites educacionais e profissionais. Devemos assim, estimular o uso e a democratização da Internet no Brasil. Necessitamos fazer crescer a rede, e não travá-la. Precisamos dar acesso a todos os brasileiros e estimulá-los a produzir conhecimento, cultura, e com isso poder melhorar suas condições de existência.

Um projeto de Lei do Senado brasileiro quer bloquear as práticas criativas e atacar a Internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral. O Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo quer bloquear o uso de redes P2P, quer liquidar com o avanço das redes de conexão abertas (Wi-Fi) e quer exigir que todos os provedores de acesso à Internet se tornem delatores de seus usuários, colocando cada um como provável criminoso. É o reino da suspeita, do medo e da quebra da neutralidade da rede. Caso o projeto Substitutivo do Senador Azeredo seja aprovado, milhares de internautas serão transformados, de um dia para outro, em criminosos. Dezenas de atividades criativas serão consideradas criminosas pelo artigo 285-B do projeto em questão. Esse projeto é uma séria ameaça à diversidade da rede, às possibilidades recombinantes, além de instaurar o medo e a vigilância.

Se, como diz o projeto de lei, é crime "obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular, quando exigida", não podemos mais fazer nada na rede. O simples ato de acessar um site já seria um crime por "cópia sem pedir autorização" na memória "viva" (RAM) temporária do computador. Deveríamos considerar todos os browsers ilegais por criarem caches de páginas sem pedir autorização, e sem mesmo avisar aos mais comum dos usuários que eles estão copiando. Citar um trecho de uma matéria de um jornal ou outra publicação on-line em um blog, também seria crime. O projeto, se aprovado, colocaria a prática do "blogging" na ilegalidade, bem como as máquinas de busca, já que elas copiam trechos de sites e blogs sem pedir autorização de ninguém!

Se formos aplicar uma lei como essa as universidades, teríamos que considerar a ciência como uma atividade criminosa já que ela progride ao "transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado", "sem pedir a autorização dos autores" (citamos, mas não pedimos autorização aos autores para citá-los). Se levarmos o projeto de lei a sério, devemos nos perguntar como poderíamos pensar, criar e difundir conhecimento sem sermos criminosos.

O conhecimento só se dá de forma coletiva e compartilhada. Todo conhecimento se produz coletivamente: estimulado pelos livros que lemos, pelas palestras que assistimos, pelas idéias que nos foram dadas por nossos professores e amigos... Como podemos criar algo que não tenha, de uma forma ou de outra, surgido ou sido transferido por algum "dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular"?

Defendemos a liberdade, a inteligência e a troca livre e responsável. Não defendemos o plágio, a cópia indevida ou o roubo de obras. Defendemos a necessidade de garantir a liberdade de troca, o crescimento da criatividade e a expansão do conhecimento no Brasil. Experiências com Software Livres e Creative Commons já demonstraram que isso é possível. Devemos estimular a colaboração e enriquecimento cultural, não o plágio, o roubo e a cópia improdutiva e estagnante. E a Internet é um importante instrumento nesse sentido. Mas esse projeto coloca tudo no mesmo saco. Uso criativo, com respeito ao outro, passa, na Internet, a ser considerado crime. Projetos como esses prestam um desserviço à sociedade e à cultura brasileiras, travam o desenvolvimento humano e colocam o país definitivamente para debaixo do tapete da história da sociedade da informação no século XXI.

Por estas razões nós, abaixo assinados, pesquisadores e professores universitários apelamos aos congressistas brasileiros que rejeitem o projeto Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo ao projeto de Lei da Câmara 89/2003, e Projetos de Lei do Senado n. 137/2000, e n. 76/2000, pois atenta contra a liberdade, a criatividade, a privacidade e a disseminação de conhecimento na Internet brasileira.


André Lemos, Prof. Associado da Faculdade de Comunicação da UFBA, Pesquisador 1 do CNPq.

Sérgio Amadeu da Silveira, Prof. do Mestrado da Faculdade Cásper Líbero, ativista do software livre.

João Carlos Rebello Caribé, Publicitário e Consultor de Negócios em Midias Sociais

Para assinar: Clique AQUI


Viva A Liberdade Da Internet!


Thiago carvalho: estudante de filosofia da unifesp.
Inclusão
Sujeitos ocultos

Ana Carla Vannuccchi

A cultura vigente é rasa sobre o alheio. Nos cursos de arquitetura, mal se fala em acessibilidade. Shoppings destinam às pessoas com dificuldade de locomoção as vagas no estacionamento localizadas longe das entradas. Escolas privadas e públicas raramente têm rampas, elevadores, salas de aula no térreo, vontade administrativa e política para reformas arquitetônicas. São poucos os alunos com deficiência. Se fossem em maior número, colegas, professores, funcionários e familiares aprenderiam o significado da palavra inclusão. Saberiam que pessoas com qualquer tipo de deficiência são a maioria e não a exceção. No entanto, falar de inclusão quando esta se refere às pessoas com deficiências físicas visíveis é mais fácil do que quando a referência são as pessoas portadoras de doenças erroneamente tidas como morais e não físicas, tais como epilepsia, diabetes e dependência química. Essas são tratáveis, não curáveis.Quando fazemos um jantar em casa, não nos preocupamos se os convidados têm problemas com açúcar ou álcool, por exemplo. Quando o diabético recusa um doce com um “Não, obrigado”, não se pergunta por quê. Se outro recusa um copo de uísque, normalmente ouve: “Não agüenta?”. Ou é chamado de pau-d'água, só na brincadeira. Se o diabético responde: “Não, obrigado, sou diabético”, as pessoas ficam comovidas (ninguém escolhe ter diabetes). Mas se o alcoolista diz: “Não, obrigado, sou alcoolista”, a conversa geralmente termina aí. É comum não se saber o que dizer. Mais uma vez, a ignorância vence e a inclusão do alcoolista, mesmo nos menores círculos, é prejudicada.Ao contrário do que muitos pensam, ninguém escolhe ser dependente químico. Numa sociedade que prega diariamente que álcool é bom e nos torna mais viris, sendo alcoolista é quase impossível conviver. O preconceito também segrega o alcoolistas do resto da sociedade que prefere não ter que conviver com situações constrangedoras.Inclusão, só se for de pessoas com deficiência física e/ou mental, pois é socialmente correto e, apelando para o egoísmo coletivo, fica até bonitinho. Mas incluir dependentes químicos ou portadores de doenças mais escondidas é, na verdade, a continuidade obrigatória desse movimento sócio-moral.São tantas as doenças desagradáveis de se olhar, cheirar e conviver, somadas às dependências químicas, às doenças psiquiátricas e, finalmente, às deficiências físicas, que a inclusão deveria ser feita no sentido de aproximar as pessoas, que por sorte, destino ou qualquer motivo, não apresentam nenhuma dessas diferenças visíveis mencionadas.Que os saudáveis sejam educados para viver num mundo onde só há a diferença. Fazer o caminho contrário parece ilógico quando achamos que a minoria é, na verdade, a maioria. Quem não conhece alguém em casa, na escola ou trabalho, com peculiaridades? Todos, em alguma época, tiveram, têm ou terão de conviver com diferenças, nos outros ou em si mesmos. Quem sabe o dia de amanhã? Deveremos incluir no mundo real aqueles que não têm dificuldades notórias para qualquer tipo de atividade.Usemos a palavra respeito em sua plenitude. A sociedade precisa de um coração maior, não para se comover com cenas tocantes ou inconvenientes, mas para tirar da frente dos olhos as mãos e que estas sirvam, sim, para ajudar, construindo rampas e novos conceitos éticos para que seus filhos sem deficiência sejam melhores e saibam que a vida é cheia de altos e baixos, magros e obesos, de pessoas com os pés ou as rodas no chão.No dia em que não mais usarmos as palavras deficiente, especial, aleijado e coitadinho, teremos dado, juntos, um passo importante na mesma direção: mostrar o caminho aos considerados sadios, pela grande maioria diferente.
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Ana Carla Vannucchi é fotógrafa, articulista, colaboradora de jornais e revistas. Escreve sobre fotografia, acessibilidade e iclusão, mãe de uma criança com deficiência física. Autora do blog “Outra vez de novo ainda” em http://www.carlavannucchi.blog.uol.com.br e http://www.carlavannucchi.fotos.uol.com.br .

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A união civil entre pessoas do mesmo sexo

Sem a menor dúvida, e com urgência, a união civil entre pessoas do mesmo sexo deve ser reconhecida por lei. É preconceito inescrupuloso privar homossexuais de qualquer que seja a lei que é vigente ao heterossexual, pois, independente da escolha sexual, todos somos cidadãos, e, portanto, devemos usufruir exatamente dos mesmos direitos e deveres.Todos os argumentos não favoráveis a essa legalização são infundados, pois se fundamentam em premissas que estão intrínsecas apenas ao vigente conservadorismo misoneísta que insiste em tarjar como patologia o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, que é uma ocorrência genuinamente natural.O conservador discursa que, se o casal homossexual adotar uma criança, a mesma poderia desenvolver problemas no desenvolvimento psicológico. Em primeiro lugar, isso não é verdade, a psicologia garante que se os papéis masculinos e femininos estiverem bem definidos, independente se o casal for do mesmo sexo ou não, a criança tem todas as condições de desenvolver-se equilibradamente. Mas, em segundo lugar, mesmo que isso trouxesse algum problema para a criança, o que é absolutamente uma inverdade, então deveriam também existir leis para proibir qualquer tipo de união entre casais que poderiam dar uma educação ineficiente ao filho, como, por exemplo, uma lei que proibisse a união entre casais em que um dos integrantes fosse alcoólatra.Há ainda os argumentos que adoção de crianças por casais do mesmo sexo faria aumentar o número de gays na sociedade. Além de esse pensamento seguir uma linha errônea, pois, se fosse real nenhum casal heterossexual produziria filhos homossexuais, o que testemunhamos que não é o que acontece, isso demonstra que há homofobia, porque, mesmo que fosse verdade e que isso ocorresse, não haveria razão para tal temor da ocorrência. Que problema traria para a sociedade o aumento do número dos homossexuais?Todos os discursos contra a legalização dessa lei demonstram apenas homofobia e misoneísmo. Independente de se investir na tentativa, infelizmente utópica, de eliminar a homofobia e o conservadorismo que rege a sociedade, é preciso reconhecer, com o máximo de urgência possível, que, independente da escolha sexual, é preciso dar ao cidadão todo e qualquer direito que ele mereça.


Esse texto foi postado por mim no blog Utopia Gloriosa em dezembro do ano passado. Ao reencontrá-lo hoje cheguei a conclusão de que essa talvez tenha sido a coisa mais luzidia e coerente que escrevi em toda a minha vida.
Achei que seria bom postá-lo aqui para compartilhar essa idéia com vocês!
Abraço enorme a todos!!!
Paula Cicolin

A Carne É Fraca




Thiago Carvalho: Por tempo indeterminado ainda estudante de filosofia da unifesp, ainda não é vegetariano, e reflete muito sobre este video e as convicçoes de Mohandas K Gandhi Acerca do vegetarianismo.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Um negócio chamado Guru

Gurus são homens doentes. Antes de qualquer coisa por Guru entendo todo sujeito ou sujeita que se diz ou se mostra especial, que tem uma verdade universal a revelar, assim podemos incluir padres cantores showmans, bispos donos de mega-igrejas, facilitadores de grupo com postura de santo, santos em geral, ou melhor, santos de palco, terapeutas ou psicólogos com ar de santo, bonzinho ou super-amoroso. Enfim todo aquele que tem o famigerado Ego-santo, o pior tipo de ego existente.
Ego-santo é o mais difícil de identificar, por que justamente se traveste de “amorosidade”, sinceridade, experiências místicas, sabedorias e verdades universais. Infelizmente é o ego mais comum em meios terapêuticos, claro existem terapeutas, psicólogos, gurus, padres e pastores honestos e bem intencionados, mas são a exceção, a maioria dos gurus não vale a rima.
Gurus não são doentes só por que enganam, mentem, manipulam e etc, mas também por que só enxergam o mundo através do seu prisma, da sua ótica distorcida, suas verdades são as ultimas, as mais belas e sublimes e principalmente as únicas. A salvação só pode vir através deles, os gurus são homens ou mulheres inseguros e insuficientes que precisam de palco e platéia, criam dependência, insegurança. Eles amputam as pessoas ao redor e oferecem suas muletas, com a condição de servidão cega.
A pratica é criar um ambiente de “amor”, de harmonia, de aceitação. Claro que não é incondicional, não é amor, é uso, lucro, dizimo, taxa, mensalidade, investimento. No momento em que saímos taxa, da linha de conduta, caímos na perdição. Quando não servimos mais a causa, o amor se vai. Assim a dependência ofertada a eles vira motor do amor , da compaixão eu nos ofertam.
O ego-santo se coloca na condição especial de mestre, iluminado, escolhido, mensageiro de Deus, ou seja, Deus, a Existência, Buda, Jeová ou qualquer outro, não pode falar direto ao seu coração, existe um menino de recado, e todos sabemos que meninos de recado não são eficientes, eles se perdem, deturpam, às vezes bem intencionados, às vezes não. Não importa, ouvindo os meninos perdemos sempre o essencial, a capacidade de ouvir.
Primeiro foram às igrejas, dominavam o conhecimento, o caminho do céu ou inferno, agora se espalhou para seitas, terapias, filosofias. Cada uma se coloca como única, verdadeira, original, pura, mas lembremos que mesmo os gurus só enxergam o próprio nível. Assim imagine um guru new age qualquer, lendo ou recebendo um ensinamento de nível mais evoluído, ele o deturpara para o seu nível, sem reconhecer a falcatrua ou inconsciente deturpação, sua interpretação para passa a ser a única aceitável. Outras realidades, outras pessoas são desconsideradas.
É tácito que um psicólogo, terapeuta ou guru só irá levá-lo até onde ele já foi. E ele quase nunca pode ou mesmo quer ir muito além dos conflitos de interesses. Interesses pessoais, financeiros, sociais. Nesse momento entra em jogo a intoxicante sensação de poder, o poder de estarem à frente de milhões de pessoas, centenas, dezenas e, às vezes, é intoxicante estar à frente de uma só pessoa, enquanto essa alimenta sua sede.
Os gurus sofrem egomania, narcisismo crônico, carência abissal. É preciso muita compaixão para largar um guru com suas verdades contraditórias. Compaixão para interromper o alimento para o faminto Ego, compaixão para deixá-lo em sua noite escura, assombrado pelos demônios da solidão e do desespero. Compaixão consigo mesmo para se apoiar em seus próprios pés, compaixão para ouvir o seu interior, sua verdade, por que só depois que ouvimos nossas verdades, poderemos aceitar que existem outras verdades e que todas estão certas.
Virou modismo entre as “academias” que quanto mais expressa, dramatiza, vangloria seu ego, mais espiritualizado é considerado o guru, pois está vivendo sua verdade. Os “textos” oriundos de ensinamentos evoluídos, abrangentes e profundos são usados para justificar a expressão egóica.
Agora talvez a pior patologia do gurus new age, a Sombra. Sombra são aquelas partes do Eu, negadas e jogadas para escanteio, são partes do Eu que não quero saber. Mas elas existem, o que faço com ela? Projeto, transfiro para o outro, tudo aquilo que não admito em mim, coloco no outro, odeio no outro, claro que podemos ter razão, mas só conseguimos enxergar no outro o que temos em nós, só sei que o outro é controlador, egoísta, narcisista por que eu também tenho isso. Aos gurus falta coragem para enfrentar a sombra, descer do pedestal e transformar o “Dele” em “Meu”, agregar e integrar tudo aquilo que cuspo no outro como meu.
A sombra não integrada, não trabalhada, somada ao trabalho de meditação e transcendência tende a aumentar o estado alienante, já que minha transcendência é no outro, na projeção de minha sombra no outro, o sentimento que transcendo vem dele não de mim. Então continuo passando minha verdade como única, minha interpretação como verdadeira, e criam-se vacas hindus, gurus caras de paisagem, tudo ótimo e perfeito na mascara social, mas por trás a sombra várias vezes comanda o palco das ações. São gurus desse molde que incentivam suicídio em massa, terrorismo, divórcios afobados, comunidades utópicas, praticas ofensivas sem sentido, jogos politicos e etc, todos movidos por uma gigante Sombra.
Quando em contato com a súcia terapêutica devemos sempre lembrar a enorme sombra que os comandam em dados momentos e de que ali a maioria das vezes lidamos com suas mascaras.
Não podemos mais ser inocentes, a maioria dos gurus usam de artimanhas populistas, são totalitaristas e desempenham o que se chama estado de sitio, que consiste, nesse caso, modificar as regras estabelecidas de acordo com sue julgamento, usar do poder para comandar e desmandar quebrando as regras criadas e estabelecidas.
Não existe mestre melhor que a experiência ou do que a existência. É preciso se livrar de caminhos e mestres sem coração e responsabilidade. É preciso assumir a responsabilidade pela própria vida e não esperar o que fazer vindo de fora, não esperar modelos. Todos somos nossos próprios mestres, só não sabemos ainda por que isso nos foi tirado pelos gurus familiares na mais tenra infância.
Enfim, gurus são pessoas normais, humanas como qualquer um de nós, só lhes falta responsabilidade para admitirem a própria humanidade, sem se postarem como lideres salvadores, santos ou mestres. Tenhamos compaixão.

sábado, 5 de julho de 2008

Necessidade de desmantelar o sistema de ensino

Baseando-se nos materiais didáticos utilizados nos sistemas de ensino mais renomados dos cursos de ensino médio e pré – vestibulares freqüentados pelas classes médias e altas, podemos verificar que a História ensinada é direcionada apenas para a formação de seres com concepções estritamente econômicas, taxativas, truncadas e sem a mínima valorização do espírito crítico e do estudo entusiasmado da personalidade humana.
Não que o estudo econômico não seja importante, mas a maneira como é ensinada a História, nessas maçantes apostilas de colegial, condiciona o indivíduo na impressão de que não existem pessoas com desejos ardentes e latentes movendo a história e sim apenas estados, crises e sistemas, e também não nos deixa imaginar que existissem humanos – históricos e atuais – com pensamentos próprios, peculiares e criativos, extrínsecos à grande máquina de encadeamentos técnicos.
Ao estudarmos, por meio do ensino mencionado, a “descoberta” do Brasil e América, temos muitas páginas falando sobre transição do feudalismo para o capitalismo, as crises que atingiram a Europa no início do século XV, a ascensão da burguesia, o crescimento urbano e muito pouco, ou quase nada, se menciona os ideais filosóficos do humanismo renascentista que valorizava o crescimento do homem e do seu mundo, o espírito de aventura e curiosidade pelo desconhecido dos navegantes e os nítidos impulsos místicos e religiosos.
Os vários parágrafos que tratam sobre os motivos políticos e econômicos são extremamente técnicos e, dessa forma, nos põe de lado a consciência do quando é fundamental a inspirada tentativa de desvendar os movimentos mentais, passionais, fetichistas, e meramente psicológico por trás de cada ação ocorrida.
O antropólogo contemporâneo Gustavo Steinberg, que estuda a Teoria das Redes (os fatores sociais a partir das redes de interesses), acredita que os interesses de cada humano, dos mais singulares possíveis, moldam a estrutura econômica com muito mais eficiência do que a simples dicotomia das classes sociais. Não que a monstruosa exploração do homem pelo homem e as injustiças não sejam reais deveras, mas somos compelidos a falar das diferenças sociais como o único viés possível para compreender o ser humano. Esse viés, quando é único, atrapalha nossa sensibilidade para o aprofundamento na complexidade da personalidade. Há uma série de elementos na memória individual de cada indivíduo que compõem nossas fantasias e desejos em relação aos objetos e às pessoas ao nosso redor. Dessa forma, mesmo um sujeito que esteja passando fome, ao pensar no feijão, ele não pensa apenas em saciar a fome, ele pensa em determinado tempero para a comida, nas pessoas que lhe faziam companhia quando ele podia alimentar-se, e enfim... Conclui-se, então, que somos seres fetichistas.
O fetiche é um fator de grande importância que tanto nos faz bem para nos estimular à criatividade e nos fazer seres únicos quanto nos torna imaturamente suscetíveis, obviamente que de maneira nada saudável e bem próxima à patologia do consumismo, aos slogans e propagandas capitalistas.
É claro que em se tratando da Europa no século XV estamos falando de um mundo e contexto distantes do neoliberalismo acirrado e da globalização mentora de propagandas chamativas estimulante do culto às marcas e aos logotipos, mas, mesmo assim, será que o fetiche intrínseco ao culto da busca por status, posições sociais privilegiadas, píncaros hierárquicos não é um fator relevante que acompanha o humano desde os primórdios? E não seria ele um fato real – mesmo que ele ocorra de forma distinta da obcecação imatura de hoje pelos produtos atuais, que são muito mais o desejo imposto propaganda do que a utilidade em si – na motivação do Europeu na descoberta da América? Será que existe grande diferença na estrutura da personalidade humana seja dos antigos gregos e egípcios, seja do homem da idade média, seja do homem atual? Houve algum tipo de evolução e modificação?
O estudo condicionado mencionado da História tenciona nos deixar susceptível a ter uma estreita visão de que existe certa forma de evolução na transição de um sistema para o outro, ficamos compelidos a acreditar, por exemplo, que o capitalismo é superior ao feudalismo e, por conseguinte, apresenta menos injustiças. Que o humano que escravizava já não escraviza... Mas isso é mesmo uma verdade?
Não. Uma mínima consciência nos faz ver que não houve evolução no altruísmo e benevolência no que compõe a estrutura da sociedade: a exploração do homem pelo homem continua da mesma forma voraz que havia na Antigüidade; temos, na atualidade, a escravidão infantil na confecção de tênis depois vendidos por lucros exorbitantes e também venda de mão de obra demasiadamente baratas, de maneira que possibilite o sujeito explorado a manter a sobrevivência e nada mais. A escravidão não se extinguiu.
Somos seres exploradores desde quando o homem racional existe, portanto, não houve grandes modificações de personalidade através da história e nem uma evolução positiva na benevolência humana.
Somos tanto seres exploradores como também místicos e fetichistas, e, por conseguinte, criativos e criadores. Nossas produções artísticas e intelectuais não são sempre as mesmas. Não que haja evolução, mas há, sim, acúmulos e expansões de artes de todas as espécies. O que diferencia um ser de muitos séculos atrás de um ser atual é o estilo de sua produção cultural.
Mas o sistema de ensino atual, que impera como reflexo do hediondo sistema capitalista, nos priva a ciência desse fato luzidio e impregna aos seus discentes pouco lúcidos a crença de que os motivos lúdicos, a imaginação rebuscada, o imaginário, os anelos passionais, a busca pelo desconhecido, o instinto do novo, aguçado pela curiosidade ardente do inefável, que tanto tiveram influência na Europa na época descoberta da América, são fatores irrelevantes que merecem não mais do que a vaga inferência de que esses são fatos que foram ínfimos modificadores do curso da História.
E também não é estimulada nenhuma tentativa de desvendar o verdadeiro sentido da intensidade do impulso pela aventura marítima que, para o historiador Bóris Fausto, “não é possível tentar entendê-la com olhos de hoje”, em uma época em que “estávamos muito distantes de um mundo inteiramente conhecido, fotografado por satélites, oferecido ao desfrute por pacotes de turismo. Havia continentes mal ou inteiramente desconhecidos, oceanos inteiros ainda não atravessados. As chamadas regiões ignotas concentravam a imaginação dos povos europeus, que aí vislumbravam, conforme o caso, reinos fantásticos, habitantes monstruosos, a sede do paraíso terrestre”.
Bóris Fausto conta ainda que “Colombo pensava que, mais para o interior da terra por ele descoberta, encontraria homens de um só olho e outros com focinho de cachorro. Ele dizia ter vistos três sereias pularem para fora do mar, decepcionado com seu rosto: não eram tão belas quanto ele imaginara. Em uma de suas cartas, referia-se às pessoas que, na direção do poente, nasciam com rabo. Em 1487, quando deixaram Portugal encarregados de descobrir o caminho terrestre para as Índias, Afonso de Paiva e Pero da Covilhã levavam instruções de Dom João II para localizar o reino do Preste João. A lenda do Preste João, descendentes dos Reis Magos e inimigo ferrenho dos muçulmanos, fazia parte do imaginário europeu desde pelo menos meados do século XII. Ela se constitui a partir de um dado real – a existência da Etiópia, no leste da África, onde vivia uma população negra que adotara um ramo do cristianismo”.
Isso nos faz ver que não apenas a economia que move a História, como também os anseios pelo lúdico e a busca pelo desconhecido. Mas se alguns historiadores, embora com a consciência de que não devemos tomar os fatores aventureiros como fantasias desprezíveis, são crentes de que “não há dúvida de que o interesse material prevaleceu”, outros não são mais cabais a considerar a História movida por aspectos místicos do desejo humano.
Um grande exemplo é o autor citado no prefácio do livro de Sérgio Buarque de Holanda, Visão do Paraíso que acredita que tal visão foi “principalmente responsável pela grande ênfase atribuída na época do Renascimento à natureza como norma dos padrões estéticos, dos padrões éticos e morais, do comportamento dos homens, de sua organização social e política”.
E, além disso, questiona se “os motivos edênicos não poderiam dar margem a uma ampla teoria, onde toda a História encontraria a sua explicação”.
Nada aprendemos na escola sobre a esperança do Europeu do encontro do Jardim do Éden ou sobre o que Colombo esperava aqui encontrar na América. Quando há a pequena menção das motivações humanas é, na maioria das vezes, os motivos totalmente econômicos e políticos da Coroa européia.
É lógico que não pode se negar que esses motivos existiram e tiveram influência indelével, mesmo assim, nesse estudo, não é esmiuçada e aprofundada a tentativa de cavoucar o verdadeiro pensamento do rei ou da rainha por trás do investimento e financiamento das grandes viagens marítimas.
O sistema de ensino esquizofrênico, que despreza da História os seus mais ricos aspectos humanísticos e culturais, e professores atuando como pessoas automaticamente condicionadas na missão psicótica e obcecadas em fazer com que os seus aprendizes repitam informações como fórmulas matemáticas sem desenvolver a liberdade de questionamento e a valorização da singularidade do cérebro de cada ser vivo – históricos e contemporâneos – como grandes modificadores da estrutura da sociedade, é reflexo do capitalismo vigente que opera como uma grande e eficiente máquina que tenciona moldar cada humano como uma peça que opera para a manutenção do funcionamento do grande aparelho que esteia o sistema.
Desde que existem pessoas no mundo, em cada momento histórico, houve um sistema operando como a grande máquina e suas peças em funcionamento. O que nos é induzido a estudar são as ações da peça em funcionamento eficaz e não a estrutura consciente e inconsciente de cada uma delas.
Mas, sempre existiu, e sempre existirá, aquelas peças que, por ter desenvolvido a consciência, pára de funcionar e passa a ser um pensamento por si só e não mais uma peça que apenas contribui com a grande máquina.
É certo que o atual sistema econômico funciona eficazmente porque a maioria dos indivíduos opera nele sem questionamento e, quando ele há, sem grande avidez para a mudança. São apenas as raras peças fora do eixo que adquirem lucidez e inspiração para pesquisar e ser capaz de traçar uma História distinta daquela que nós nos acostumamos a absorver.


Esse ensaio foi um seminário apresentado por mim, Paula Cicolin, na disciplina História da América na Universidade Federal de São Paulo.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

REUNI

Apesar de vc...



REUNI é uma sigla para o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, do Governo Federal. Foi instituído pelo decreto presidencial nº 6096 de 24/05/2007, sendo ainda regulado pelas portarias interministeriais 22/2007 e 224/2007, por um documento de Diretrizes Gerais e outro de Documento Complementar. Todo este material está disponível para consulta na internet, sendo facilmente achado através do Google.

O seu objetivo, segundo o art. 1º do decreto é: "criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível da graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas Universidades Federais" com um acréscimo de 20% ao orçamento total destinado às Instituições. A adesão ao programa, que durará cinco anos a começar em 2008, é voluntária.

Ora, então qual o problema com o REUNI?
De fato, os objetivos do REUNI são nobres, o problema são os meios que ele faz uso para atingir suas metas, meios que comprometem a qualidade do ensino superior. Em linhas gerais, o projeto almeja a elevação de uma média de conclusão de graduação para 90%, do aumento da relação aluno/professor (RAP) de 18 para 1, com um incremento orçamentário de R$ 2 bilhões (os 20%), tudo isso ao final de 5 anos.

E como isso comprometerá a qualidade do ensino?
Vamos começar pela parte mais chamativa: o dinheiro. As Universidades, para aderirem ao REUNI, devem enviar ao MEC seus projetos de expansão e reestruturação - criação de novos cursos, abertura de mais vagas, etc. É para essa demanda crescente que vem este dinheiro. Aprovado seu projeto, a Universidade deverá ir alcançando metas gradualmente; da mesma forma, a liberação de verba também é gradual, ao fim dos 5 anos. Só que...
"O atendimento dos planos é condicionado à capacidade orçamentária e operacional do Ministério da Educação." (decreto 6096, art. 3º, parágrafo 3º)
Ou seja, a aprovação do projeto pelo MEC não quer dizer que é garantida a liberação do dinheiro pois há o risco desta verba não caber no orçamento do Ministério, que é feito anualmente. Além disso, se o REUNI inicia em 2008 e tem duração de 5 anos, é bom lembrar que o governo Lula só vai até 2010, quer dizer, a conta de 2 anos recairá sobre o governo seguinte! A pergunta que fica é: qual será a solução para uma Universidade que abrir 5 novos cursos e tiver, depois de passados 2 anos, sua verba cortada?
Como se não bastasse isso, os 2 bilhões são para TODOS OS 5 ANOS DO PROGRAMA E PARA TODAS AS UNIVERSIDADES QUE ADERIREM. Isso significa que esse dinheiro não sofrerá reposição mesmo com as oscilações da inflação; ela será estática.

E quanto às metas de 18 estudantes para um professor e 90% de aprovação?
Primeiramente, é importante que se deixe claro: entre todos os Países do mundo, apenas o Japão - país de contexto sócio-cultural bem distinto do nosso - possui uma taxa de diplomação nesse patamar. No Brasil, segundo dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais),órgão vinculado ao MEC, de 2005, a taxa de conclusão é em torno de 60% nas Universidades. Além disso, o cálculo dessa taxa, segundo as Diretrizes Gerais do REUNI, é feito dividindo-se o número de estudantes diplomados num determinado ano pelo número de alunos ingressantes 5 anos atrás. Mas, peraí... A maioria das graduações dura 4 anos!! É importante frisar que o REUNI não especifica como a Universidade deverá alcançar essa taxa. Corre-se o risco de uma maquiagem de números através dos já conhecidos malabarismos estatísticos que não condizem com a realidade ou da famosa aprovação continuada do aluno.
Quanto ao cálculo da relação professor/aluno, esta também apresenta problemas, pois, segundo as Diretrizes Gerais, há um desconto dos professores da pós-graduação. Porém, muitos professores que atuam na pós-graduação também dão aulas na graduação. Isso foi feito para que as relações atuais não fossem muito distantes da relação 18 para 1 pretendida, afinal, assim se tem menos professores para dividir pela mesma quantidade de alunos. E os problemas não param por aí...
Convém lembrar que segundo o artigo 107 da Constituição, as Universidades Federais estão baseadas no tripé indissociável ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃO. Logo, dar aula não é a única ocupação de um professor universitário. Além do mais, este quocientenão significa que o professor vai atender a 18 alunos. As salas de aula têm muito mais discentes que esta quantidade, fora os alunos que são orientados na Iniciação Científica, nos Mestrados e Doutorados. Assim, elevar a razão professor/aluno significa elevar o número de estudantes, e, consequentemente, sobrecarregar ainda mais o professor.

O que acontece se as metas não forem atingidas?
O acompanhamento das metas do REUNI é gradual, como também é gradual o repasse da verba. O MEC designará umna equipe técnica responsável por sua avaliação. Se a equipe julgar que as metas, naquele ano, não foram atingidas, a verba é cortada! A Universidade terá em mãos uma série de projetos a mais formulados pelos alunos extras para levar adiante, mas não terá o investimento para isso.
Outro ponto que deve ser discutido é em relação à autonomia da Universidade, prevista no artigo 207, pois o REUNI pretende condicionar o recebimento de verba ao cumprimento dessas metas (duvidosas, aliás) estipuladas pelo governo.

Quem decide sobre a adesão ao REUNI?
O Conselho Universitário, instância máxima de deliberação em uma Universidade. A questão é: o governo estipulou até 29 de outubro a adesão das Instituições que desejam iniciar no programa em 2008, só que aqui, na UFPE, as medidas estão sendo tomadas à revelia dos estudantes, impostas de cima para baixo! Você viu por aí alguma iniciativa da Reitoria em debater o REUNI com a comunidade? Em dizer do que se trata? O que você acha da implantação de um programa que afetará diretamente sua vida universitária sem ser consultado?

Em suma, o REUNI vem com um discurso de melhorias nas Universidades Federais, porém:
* congela a verba por 5 anos,
* não garante o recebimento desta verba,
* estipula um aumento maior da estrutura da Universidade do que a verba pode cobrir,
* estimula a superlotação de salas e sobrecarga de professores através do cumprimento de suas metas duvidosas
* privilegia a quantidade de formandos ao invés da qualidade de ensino,
* quebra o tripé ensino-pesquisa-extensão e a autonomia universitária.



È massa ou num é!

Pelos alunos da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)
Salve irmaos!

E Ulysses Neles!

Cale-se!


Contrato entre Unifesp e Prefeitura de Campinas é alvo de ação


Um convênio de R$ 78,2 milhões entre a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a Prefeitura de Campinas (SP) para administrar um hospital inaugurado no dia 10 de junho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é alvo de uma ação popular que aponta uma série de irregularidades. A ação foi protocolada na tarde desta terça-feira (1) na Vara da Fazenda Pública de Campinas e pede a anulação do convênio.

O prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), autorizou a assinatura do convênio no valor de R$ 78,2 milhões por dois anos e inseriu como "interveniente" a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), sem licitação, para auxiliar na administração do Complexo Hospitalar Ouro Verde.

Uma das irregularidades apontadas na ação é que um dos diretores da SPDM, Gilberto Luiz Scarazatti, é funcionário de carreira da prefeitura e, agora, também o superintendente do hospital. No dia da inauguração, ele deu entrevistas como superintendente do complexo.

"Como pode o superintendente do hospital ser diretor da empresa que vai receber dinheiro público para administrá-lo?", questionou o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Campinas, Jadirson Tadeu Paranatinga, que assina a ação.

A lei federal 8.112, de 11 de setembro de 1990, proíbe que pessoa com cargo público tenha assento no quadro de diretor de entidade privada. A SPDM é associação de direitos privados. Além disso, de maio a dezembro do ano passado, Scarazatti foi cedido pela prefeitura à Unifesp, sem deixar de receber os salários do município.

O reitor da Unifesp, Ulysses Fagundes Neto, citado na CPI dos Cartões por irregularidades na prestação de contas com cartão corporativo, é o presidente da SPDM.

Outra irregularidade apontada na ação é que a SPDM "não possui aptidão para firmar avença [acordo] com o poder público", pois a associação "não tem a capacidade financeira". O argumento se baseia em levantamento em cartórios de São Paulo apontando que a SPDM tem 2.939 protestos que totalizam o valor de R$ 6,5 milhões. A maioria dos protesto é pelo não pagamento de compras realizadas.

O levantamento foi realizado pelo "Iabrudi, do Val - Advogados Associados" --contratado pelo presidente do sindicato dos servidores. A mesma pesquisa em cartórios aponta que a Unifesp possui 45 protestos com dívidas de R$ 122,6 mil.

O decreto municipal nº 16.215, de 12 de maio de 2008, determina, entre as exigências para se contratar, a inexistência de dívidas como poder público, bancos e regularidade das contas nas fazendas públicas.

Relatório da CGU (Controladoria Geral da União) nas contas de 2005 e de 2006 da Unifesp --divulgado pela Folha no dia 11 de junho deste ano-- aponta 94 irregularidades. Em 2005, a CGU cita como irregularidade da Unifesp a "prática sistemática de transferir a execução das despesas para a SPDM" e de nomeá-la como "interveniente".

"Firmar convênio com entidades nestas situações é brincar com o dinheiro público", disse o advogado Ricardo Iabrudi Juste, responsável jurídico pela ação.





MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas.